Preço do petróleo se descola das moedas de países produtores
O futuro não está no fundo de um barril de petróleo — pelo menos não para os operadores do mercado que tentam prever os movimentos das moedas dos maiores exportadores da commodity. O valor do barril do petróleo cru se descolou da cotação das moedas de Rússia, Brasil e Canadá, com as dinâmicas internas do mercado empurrando as cotações em direções diferentes, de acordo com uma pesquisa do banco Société Générale. O rublo, da Rússia, o real brasileiro e o dólar canadense têm problemas maiores agora do que quando o preço do barril de petróleo cru estava um tanto estagnado. O óleo é, tipicamente, um dos principais motores da economia mundial, e um indicador do ciclo industrial. Preços mais altos podem agir como um freio no crescimento global, enquanto enriquecem nações que extraem a commodity. ÓLEO É ALTERNATIVA Quando outros fatores, como a política, começam a pesar sobre a cotação das moedas, o petróleo pode se tornar um diversificador útil para os investidores, apontaram em um relatório analistas do banco Société Générale, como Sophie Huynh. “A relação de longo prazo que existia entre o óleo e moedas ligadas ao petróleo se rompeu”, afirmaram os analistas no texto. “Atribuímos isso ao papel crescente de fatores idiossincráticos na ação de preços, tanto em petróleo quanto em moedas”. As disputas internacionais, as eleições e outras mudanças políticas têm substituído o petróleo como um dos principais motores da trajetória das moedas, com as relações de Canadá e Rússia com os Estados Unidos entre os maiores fatores causando desvalorização, de acordo com a análise. O preço do petróleo, enquanto isso, é cada vez mais movido por fatores relacionados ao nível do estoque, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reafirmando seu poder sobre o mercado. No Brasil, pesam as eleições presidenciais de outubro. LIGAÇÃO SEGUE NA NORUEGA “Para o rublo russo, as sanções (impostas à Rússia) têm um impacto mais significativo que os preços do petróleo. Para o dólar do Canadá, o óleo foi ofuscado pela incerteza sobre o Nafta (mercado comum da América do Norte)”, disse, por e-mail, Georgette Boele, uma estrategista de commodity e câmbio do ABN Amro Bank. Ainda assim, o Société Générale vê relação forte entre petróleo e câmbio em alguns países, notadamente no caso da coroa norueguesa. A coroa deve se beneficiar de um petróleo mais caro e de um crescimento forte do preço doméstico nos próximos meses, afirmou Sophie, do Société Générale. “A Noruega gera a taxa de inflação mais alta entre as nações do G-10 com superávit de conta-corrente”. Fonte: O Globo
  • Data: 14/08/2018
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