Entrega de fertilizantes sofre atraso a duas semanas do início do plantio

A safra 2012/2013 de soja em Mato Grosso deve ser semeada ainda neste mês, logo após o fim do vazio sanitário da cultura, que termina no dia 15 de setembro. Mas os produtores estão preocupados por causa do atraso na entrega de parte dos insumos. A estimativa é que cerca de 30% das quase 4 milhões de toneladas de fertilizantes ainda não chegaram nas propriedades.

O agricultor Laércio Lenz tem uma propriedade de 900 hectares em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Ele comprou fertilizantes e sementes no mês de março, porém grande parte ainda não chegou.

"Está faltando em torno de 20% de fertilizantes. Não pode existir a possibilidade de não chegar. Tem de chegar. Se plantar sem o fertilizante, vai acarretar em perca de produção, com certeza", frisou.

Em uma revendedora de insumos de Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, cerca de 4 mil toneladas de adubo ainda não foram entregues. O gerente da empresa, Maurício Fernandes Binotti, acredita que a espera ainda dure ainda uns 15 dias.

"Vinte por cento dos fertilizantes ainda não chegaram aqui. Nunca entramos o mês de setembro sem entregar os produtos. O problema foi pontual: bloqueios nas estradas por índios e caminhoneiros", afirmou.

Na última semana, trechos das BRs 364 (Cuiabá - Rondonópolis) e 174 (Comodoro - Rondônia) foram bloqueadas por indígenas durante quatro dias. Eles defendiam a suspensão da Portaria 303 da Auditoria Geral da União (AGU) que altera as normas de exploração de recursos naturais em terras indígenas. Revoltados com as manifestações das 20 etnias, caminhoneiros também decidiram no meio da semana também bloquear as rodovias. Muitas  carretas que iriam para as regiões produtoras ficaram paradas.

Frete
 

Outro problema que agrava a situação dos produtores é o aumento do preço do frete, ocasionado pela falta de caminhões e, segundo o Sindicato dos Transportadores, também pela nova lei que regulamenta  a jornada de trabalho dos caminhoneiros. A legislação obriga os condutores a fazerem intervalos de repouso de 11 horas a cada dia trabalhado e parada para almoço de no mínimo uma hora. O grande volume da safra de milho e a de algodão foram determinantes também no reajuste do transporte.

"Diante da baixa oferta de caminhões há um acréscimo de 22%  no preço do frete. Há uma recuperação de um período específico, onde houve uma demanda maior de produtos ante a oferta de caminhões tem trazido esse aumento", explica Gilvando Lima, diretor executivo do Sindicato dos Transportadores.

Questão portuária

Problemas logísticos nos porto de Paranaguá e Antonina, no Paraná, contribuíram para o atraso da chegada dos insumos, pois muitos produtos são importados e chegam ao Brasil somente por navios. E como os portos não suportam receber vários carregamentos, diversos embarcações ficaram em filas esperando para serem descarregadas.

Agrodebate

  • Data: 17/07/2014
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