Workshop evidencia falta de investigações

Conforme levantamento realizado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso (Sindmat) junto a seguradoras, os prejuízos com roubos de mercadorias no estado ultrapassaram R$ 25 milhões em 2013. Obter dados reais sobre o roubo de cargas não é uma tarefa fácil, já que as investigações acabam ocorrendo de maneira descentralizada. “Falta estrutura para as investigações e melhor comunicação entre as polícias”, avalia o presidente do Sindmat, Eleus Vieira de Amorim.

A projeção e a crítica foram apresentadas nesta quinta-feira (29.05) no Workshop sobre Roubos de Cargas, promovido pelo Sindmat no Sest/Senat, em Cuiabá. Participaram 150 empresários e administradores de transportadoras.

No Brasil, estima-se que, em 2013, os casos de roubos de cargas tenham chegado a 15,2 mil, superando o ano de 2012, quando foram registrados 14,4 mil casos. A estimativa foi divulgada pelo assessor de Segurança da Associação Nacional dos Transportadores de Carga & Logística (NTC&Logística), coronel Paulo Roberto Souza. “O aumento no roubo motiva o setor a defender a criação de uma delegacia especializada não só no roubo de veículos, mas também de cargas”, explicou o assessor.

Os empresários demonstraram a preocupação com a segurança dos seus funcionários e com as cargas. “Nós transportadores investimos em diversas tecnologias para tentar inibir os roubos. Apesar disso, são frequentes as notícias de crimes com violência contra os funcionários, principalmente contra os motoristas de caminhões”, comentou Amorim.

De acordo com o coronel Paulo Roberto Souza, a maior incidência desse crime concentra-se na região Sudeste: mais de 80% dos casos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. “Contudo, percebe-se uma migração de quadrilhas para a região centro-oeste. E dados mais precisos ajudariam na criação de estratégias para o desarme de quadrilhas”, comentou Souza.

Para reduzir o número das ocorrências, representantes do setor defenderam, durante o seminário, mudanças na legislação. Uma delas é o aumento da pena para quem recebe as cargas roubadas. Atualmente, por ser considerado um crime de menor potencial ofensivo, a receptação de cargas roubadas só leva uma pessoa à prisão depois de uma longa investigação criminal, quando se prova que é um crime qualificado. “Normalmente, o receptador paga fiança e é solto em seguida, pois a legislação permite, desde 2012, que pessoas que cometem crimes com penas de prisão de um a quatro anos respondam ao processo em liberdade. Isso faz com que as polícias sofram muita pressão da sociedade, mas temos que cumprir a lei. Esta lei vai mudar com a atuação do setor junto ao congresso nacional”, destacou o delegado Antônio Carlos Garcia, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos.

Durante o debate, também foi defendida a aprovação na Assembleia Legislativa de um projeto de lei que prevê a cassação da inscrição estadual de empresas envolvidas na receptação mercadorias roubadas. “Sabemos que uma proposta similar também tramita no Congresso. Ou seja, a demanda é nacional”, disse o deputado estadual Mauro Savi, autor do projeto.

O transportador Mauro Ivoglo, apoia a criação da delegacia especializada e de mudanças na legislação. “Não adianta prender apenas o ladrão. É preciso restringir a atuação do receptador, que é quem impulsiona e até comanda as ações”.

Simone Alves Ass. de Imprensa 65 9916-5005

  • Data: 30/05/2014
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