Risco e seguro de transporte
Ninguém tem dúvida: a sinistralidade da carteira dos seguros rodoviários de carga está entre as mais altas do Brasil. Por isso a maioria das seguradoras deixou de operar na car-teira de transporte terrestre, afinal, o negócio de uma seguradora envolve gerar lucro pa-ra pagar a operação e remunerar os acionistas. Com os prejuízos impressionantes gerados pelos roubos de carga ficou extremamente di-fícil para uma companhia de seguros aceitar o risco de transporte, pelo menos nos Esta-dos de São Paulo e Rio de Janeiro. Os dois Estados concentram a imensa maioria dos eventos e consequentemente dos pre-juízos gerados pelos roubos de carga. A soma de todos os roubos em todos os outros Es-tados não atinge os números deles. E o quadro geral encarece o preço dos produtos bra-sileiros em função da violência que corre solta nas ruas e estradas do País. Atualmente, o dono da carga e o transportador suam para conseguir contratar seguro pa-ra garantir seus riscos. Quando eles encontram cobertura, o prêmio é caro e as medidas de proteção obrigatórias também estão longe de serem baratas, englobando desde a aná-lise do currículo do motorista, até o uso de satélites para rastrear permanentemente o veí-culo transportador. Como não há nada no horizonte que aponte para uma mudança do quadro, também não há nada que faça a maioria das seguradoras voltarem a se interessar pelo risco, compli-cando sobremaneira a vida dos transportadores e dos donos de carga que ficam sem pro-teção de seguro durante as viagens. Mas tem sempre gente que acha que dá e sai em busca de soluções que resolvam os pro-blemas. É o caso de uma seguradora com sede em São Paulo que decidiu operar em transporte rodoviário de cargas e tem tido sucesso na empreitada. Uma antiga máxima do setor de seguros diz que não há risco ruim, há seguro malfeito. Esta seguradora acreditou nisso e saiu a campo para entender o processo, identificar as fraquezas, problemas e eventuais forças que lhe permitissem atuar na carteira de trans-porte rodoviário de carga. O primeiro passo foi montar uma equipe de profissionais reconhecidamente competentes e que conhece todas as particularidades do seguro. Em seguida, a equipe começou a ma-pear a realidade das ruas e estradas nacionais, identificando os principais problemas que afetam a operação. Áreas de maior incidência de sinistros, policiamento, recuperação de cargas, outros tipos de eventos, além de roubo e furto qualificado, medidas adotadas pa-ra minimizar os riscos, acompanhamento das cargas, etc. Tudo que poderia interferir foi levantado, quantificado e precificado. O passo seguinte foi montar uma central de operação própria, com a incorporação de tec-nologias e adoção de medidas capazes de dar o controle de dos detalhes de cada via-gem, além de ferramentas para intervenção rápida, tão logo o sinistro é comunicado. Com a lição de casa bem feita, a seguradora foi ao mercado, se aproximou de corretores, transportadores e donos de carga, estudou as diferentes realidades e ofereceu soluções desenhadas de acordo com seus levantamentos e estudos, dentro de regras rígidas, pa-drões definidos e procedimentos confiáveis e efetivos. Agindo sem alarde, mas sem fazer segredo de suas intenções, a companhia começou a fi-car conhecida como uma das poucas seguradoras dispostas a operar no ramo e passou a ser chamada para oferecer cotação especialmente para a indústria. Com a operação crescendo, a seguradora adotou como mantra aprimorar suas ações, aperfeiçoando o que está sendo feito e desenvolvendo novos procedimentos. O resultado é que atualmente a sinistralidade de sua carteira de transporte terrestre está próxima de 50%, o que lhe permite a começar a baixar o preço dos seguros, em função do negócio haver se tornado rentável. O exemplo desta companhia mostra que há espaço para se fazer negócios e ganhar di-nheiro, até em campos que, em princípio, são deficitários. Para isso é indispensável pro-fissionalismo, dedicação, planejamento e controle da operação. Fonte: O Estado de S. Paulo
  • Data: 15/10/2018
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